sexta-feira, 18 de julho de 2014

Editorial do Presidente - Mais perguntas que respostas.

Nós, viventes do século XXI, estamos vivendo uma época de profundas alterações na sociedade. Dizem que se trata da “sociedade pós-moderna”. Sei lá! Pra mim era moderno tudo aquilo que era melhor, mais bonito, mais sofisticado, melhor elaborado. Parece que nos dias atuais o moderno é o anárquico, o alternativo, o bizarro. Seria isso o “pós-moderno”?

É muito difícil fazer uma avaliação adequada do momento que vivemos. A família já não é a mesma. O casa-e-descasa é tão comum que temos receio de perguntar a algum conhecido, que não vemos a mais de seis meses, como vai a esposa, pois é cada vez mais comum a resposta: “nos separamos” e, na sequencia, estou com outra. Comportamentos sociais que ontem eram tidos como equivocados, hoje são normais. O conceito de moralidade muda a cada virada de ano. O casamento entre pessoas do mesmo sexo virou moda e parece a coisa mais natural. Se alguém expressa contrariedade com todas essas coisas, é imediatamente taxado de retrógrado, preconceituoso, estúpido, e assim vai. Parece que o correto é aceitar tudo e de qualquer jeito.  

No meio desse turbilhão estão os Centros de Tradições Gaúchas e a imensa maioria de tradicionalistas que entendem ser errado alterar tão rapidamente e tão profundamente conceitos tradicionais, como família, casamento, respeito. A maioria das pessoas que nasceram antes da aprovação da atual Constituição Brasileira (1988) tem dificuldades de aceitar tão grandes e profundas mudanças. E por expressarem suas convicções estão sujeitos a serem discriminados e sofrerem as mais diversas agressões de ordem moral. Se alguém se arvora no direito de criticar o uso dos brincos pelos homens ou os excessos de pircens, ou, ainda, as tatuagens que agridem o bom senso, é imediatamente reprimido pelos arautos da modernidade. Se o critico for um tradicionalista, então está armada a polêmica.

Há alguns dias armou-se a polêmica do casamento entre homossexuais num CTG. Havia casamento marcado? NÃO! Tratava-se de um CTG filiado ao MTG? NÃO! O MTG tinha alguma responsabilidade ou alguma interferência nisso? NÃO! Havia algum interesse cultural no assunto? NÃO!

Então, por que a mídia colocou o MTG e seus dirigentes no centro da polêmica? Por que tanto interesse em saber ou descobrir o que pensam os tradicionalistas a respeito do casamento gay? Qual o interesse em caracterizar que a novidade e o ineditismo estão no fato do tal casamento ser realizado no interior de um CTG? 

Sinceramente, eu não tenho as respostas para esses questionamentos. Os jornalistas dizem que se trata somente de uma notícia. Alguns tradicionalistas acham que é um movimento orquestrado de desmoralização do tradicionalismo. Outros entendem que é somente uma atitude oportunista. Há ainda os que veem nisso tudo um sinal de que o “mundo está perdido”.  

Não tenho a pretensão de encontrar respostas ou de determinar procedimentos absolutamente corretos. Minha obrigação é somente a de orientar os tradicionalistas à luz das normas que nós mesmos elaboramos, ou da melhor maneira de atender ao que estabelece a Carta de Princípios que ainda é a nossa melhor luz.

Assim, oriento a que todos os tradicionalistas, independentemente das suas convicções pessoas, das suas orientações religiosas, das suas crenças sociais e das suas preferências sexuais, se abstenham de emitir pareceres que possam ofender pessoas e instituições. Se abstenham de criticar isso ou aquilo, sem que disponham de todas as informações e de todos os dados a respeito do assunto. No interior dos galpões e nos ambientes em que se realizam as atividades tradicionalistas, cada um procure se portar segundo o seu gênero, ou seja, os homens tenham posturas masculinas e as mulheres posturas do sexo feminino, tudo segundo a tradição. 

Quanto a casamentos no interior dos galpões, desde que sejam entre tradicionalistas e que as cerimônias ocorram no modo tradicional, sejam elas civis ou religiosas, não há qualquer restrição, aliás pode ser uma iniciativa muito bonita adotada por casais que se conheceram no meio tradicionalista e resolvem oficializar a união naquele ambiente e trajados à moda tradicional, pilchados. Os casamentos coletivos são mais adequados para ambientes em que não haja compromissos com aspectos tradicionais e culturais.

Nunca é demais lembrar que tradição não se inventa e não se compra. Tradição é tudo aquilo que absorvemos da geração que nos antecedeu e que nos foi transmitido na convivência familiar ou social. 

O Movimento Tradicionalista Gaúcho tem na sua origem, na sua base, na sua essência, no seu âmago, o compromisso com a tradição e o respeito de tudo aquilo que constitui a cultura do gaúcho. O moderno ou o pós-moderno pode ser bom ou ruim, dependendo de como isso se apresenta e de como isso interfere na vida que escolhemos para nós e para nossas famílias.


Manoelito Carlos Savaris
Presidente do MTG

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